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Esta iniciativa consite em ações que possibilitem momentos de reflexão e construção pedagogica, abrangendo ainda propostas significativas para a prática cotidiana do educadores. De acordo com o contexto escolar e vivências as ideias e sugestões podem ser adequadas as necessidades reais nas expectativas de educadores e educandos

21 de ago. de 2014

Um planejamento de e com intenções.


Por onde começar?

Estabelecer referências, buscar intencionalidades foi um aspecto constante nas minhas reflexões.
Daí em diante não abandonei a crença de que toda ação pedagógica deve estar sustentada
por pressupostos teóricos que explicitem concepções. Os pressupostos teóricos estabelecem as
diretrizes do trabalho, definindo procedimentos e estratégias metodológicas. Em outras palavras,
planejar é a constante busca de aliar o “para quê” ao “como”, através da qual a observação criteriosa
e investigativa torna-se, também, elemento indissociável do processo. Os “pressupostos”
expressam a fundamentação teórica; são os alicerces, as referências para a prática, representando
as metas e, até, os ideais. Por sua vez, os “princípios” são necessários para garantir a aproximação
da prática aos ideais e vice-versa. Tornam-se uma forma de promover a reflexão sobre a ação,
sinalizam a aproximação ou não aos ideais. Um bom exercício é pensarmos quais são as nossas
concepções, elegendo alguns eixos como “sociedade, homem, conhecimento, educação, aprendizagem,
currículo e cultura”.

Tal reflexão deveria estender-se ao grupo de professores de uma instituição, a discussão conjunta
promoveria a explicitação das concepções que permeiam a prática do estabelecimento,
podendo a este exercício incluir-se algumas perguntas orientadoras: Como vem sendo organizado
o planejamento na escola? Para que se planeja? Para quem? E ainda: Quais são as relações de
classe, etnia, gênero, que fazem com que o currículo seja o que é e que se produza os efeitos que
produz? Esta última pergunta sugerida por Moreira Silva (1994, p. 30) é para auxiliar “no esforço
contínuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo”.
É preciso uma filosofia de fundo, uma referência, por meio das quais os envolvidos manifestem-
-se, discutindo, posicionando-se, argumentando. Um exercício também importante é pensar de
que forma pode-se aliar o para quê ao como. Uma alternativa seria optar por um planejamento
de currículo integrado. Para tanto, torna-se relevante eleger princípios de ação.
Santomé (1998, p. 187) nos auxilia na argumentação a favor de um currículo que priorize a
integração:
Entre as questões que podem persuadir-nos a favor desta modalidade de organização e desenvolvimento
curricular estão as que se referem à utilidade social de todo currículo. Este deve
servir para atender às necessidades de alunos e alunas de compreender a sociedade na qual vivem,
favorecendo consequentemente o desenvolvimento de diversas aptidões, tanto técnica  como sociais, que os ajudem em sua localização dentro da comunidade como pessoas autônomas,
críticas, democráticas e solidárias.
O autor também defende a promoção da interdisciplinaridade como um dos princípios dos
currículos integrados, alertando que a mesma “é uma filosofia que requer convicção e, o que é
mais importante, colaboração; nunca pode estar apoiada em coerções ou imposições” (1998, p.
79). Em outro momento, o mesmo autor explica seu posicionamento:
Falar de interdisciplinaridade é ver as salas de aula, o trabalho curricular, a partir da ótica dos
conteúdos culturais, ou seja, tentar ver que relações e agrupamentos de conteúdos podem ser
feitos, por matérias, por blocos de conteúdos, por áreas de conhecimento e experiência etc.
(1996, p. 61).

Depreendo, no citado autor, posições muito afins com as ideias de Paulo Freire, educador incansável
na defesa de uma pedagogia da pergunta, da curiosidade, inversa da fragmentação, da
imposição, do depósito de conhecimentos. Em suas obras, encontra-se explicitamente sua posição
a favor da pedagogia da autonomia. Eis um trecho de um de seus últimos livros que confirma
seus princípios:
Quando saio de casa não tenho dúvida nenhuma de que, inacabados e conscientes do inacabamento,
abertos à procura, curiosos, “programados, mas para aprender”, exercitaremos tanto
mais e melhor a nossa capacidade de aprender e de ensinar quanto mais sujeitos e não puros objetos
do processo nos façamos. (FREIRE, 1997, p. 65)

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