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Esta iniciativa consite em ações que possibilitem momentos de reflexão e construção pedagogica, abrangendo ainda propostas significativas para a prática cotidiana do educadores. De acordo com o contexto escolar e vivências as ideias e sugestões podem ser adequadas as necessidades reais nas expectativas de educadores e educandos

19 de jan. de 2013

HOFFMANN, Jussara. Avaliação na pré- escola: um Olhar sensível e reflexivo sobre a criança

RESENHA: Avaliação na pré- escola: um Olhar sensível e reflexivo sobre a criança.

livro em questão aborda a temática Avaliação na Pré- escola este faz parte de uma coleção que trata assuntos referentes à temática, sendo o terceiro da série. O livro se divide em oito capítulos que retratam: a avaliação no contexto da educação infantil, pressupostos básicos da avaliação, avaliação e desenvolvimento infantil, o espaço pedagógico versus avaliação mediadora, recortes do cotidiano, um olhar sensível e reflexivo sobre a criança, pareceres descritivos: uma análise crítica, delineando relatórios de avaliação, relatórios diários e relatórios gerais: um exercício de reflexão sobre a ação.
Nestes capítulos a autora traz aspectos da avaliação na educação infantil, citando fatores como reflexão, registros diários e acima de tudo nos leva a pensar sobre a avaliação como um acompanhamento e promoção do desenvolvimento, de modo que os objetivos propostos pelo educador façam a diferença na vida das crianças. A partir dos estudos apresentados sobre o desenvolvimento infantil, Hoffman utiliza de pareceres descritivos e encaminha procedimentos que auxiliem na elaboração de relatórios de avaliação que poderão ser utilizados para a educação infantil e para as séries iniciais.


CAP.1 AVALIAÇÃO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
O surgimento dos processos avaliativos, em educação infantil, deve ser questionado em termos de sua intencionalidade básica. Na verdade, a questão da avaliação insere-se na discussão histórica, acerca de uma concepção assistencialista ou educativa para o atendimento às crianças. A exigência de um processo formal de avaliação parece surgir, mais propriamente, como elemento de pressão das famílias de classe média por propostas verdadeiramente pedagógicas, para além do modelo de guarda e proteção do modelo assistencialista. A prática avaliativa, dessa forma, surge como um elemento de controle sobre a escola e sobre os professores que se vêem com a tarefa de formalizar e comprovar o trabalho realizado via avaliação das crianças.
Conceber o avaliar implica em conceber a criança que se avalia e essa não é uma prática neutra ou descontextualizada como procura se caracterizar a avaliação no ensino regular, onde os professores determinam sentenças sobre os alunos sem perceber o seu inalienável compromisso com os julgamentos proferidos. É preciso, portanto, re-significar a avaliação em educação infantil como acompanhamento e oportunização ao desenvolvimento máximo possível de cada criança, assegurando alguns privilégios dessa instancia educativa, tais como o não- atrelamento ao controle burocrático do sistema oficial de ensino em termos de avaliação, e a autonomia em relação à estrutura curricular.


CAP. II – PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA AVALIAÇÃO
Compreendendo a criança, o professor redimensiona o seu fazer a partir do mundo infantil descoberto e re-significado. E dessa significação decorre diretamente a qualidade de sua interação com a criança. È essa a complexidade própria da avaliação em educação infantil.
Formar educadores infantis é muito mais do que lhes sugerir ou supervisionar um trabalho junto às crianças. È oferecer-lhes espaço de reflexão e troca de experiências e suscitar-lhes autonomia e iniciativa, principalmente no que se refere à avaliação.
O tema avaliação é por demais complexos justamente, porque é diretamente depende da observação das crianças em sua exploração permanente do mundo e da aproximação dos educadores com a realidade sócio-cultural dessas crianças, à luz de suas próprias representações e sentimentos. Não se pode conceber a avaliação como um jogo de regras uniformes e definidas, à luz de parâmetros fixos, controladores, pois ela encerra a dinâmica da interação e a própria dialética do conhecimento, com suas continuidades e descontinuidades.


CAP. III- AVALIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A busca de significado pela avaliação requer o estudo das concepções de educação infantil, das teorias de desenvolvimento e das abordagens do processo educativo que elas se originam. O tema da avaliação insere-e gradativamente nessa discussão, buscando-se a contestação de práticas descontextualizadas da realidade da criança, de práticas assistencialistas ou compensatórias que se revelam nos processos avaliativos.
Estudos e pesquisas invalidam as funções assistencialistas e compensatório da creche e pré-escola. A concepção construtivista-interacionalista de conhecimento provoca outro olhar sobre o desenvolvimento infantil e conseqüentemente sobre posturas pedagógicas e avaliativas. Segundo Piaget, a criança constrói o conhecimento na sua interação com o objeto, (...) os fenômenos físicos em geral. O que quer dizer que existe um sujeito ativo desde o nascimento, com estruturas orgânicas que impulsionam à ação, mas cujo desenvolvimento depende radicalmente dessa mesma ação.
Como séria conseqüência de certos procedimentos avaliativos, chega-se as famílias em termos do alcance pela criança de maior número de itens assinalados, ao treinamento de crianças por pais e professores para o alcance de “habilidades” ao final dos semestres, à retenção de alunos em certos níveis da pré-escola pelo não alcance de questionáveis aspectos como procurei exemplificar.


CAP. V- O ESPAÇO PEDAGÓGICO VERSUS AVALIAÇÃO MEDIADORA


Para que a avaliação se efetive como mediação, com sentido significativo das ações cotidianas e pensamentos das crianças. Um processo avaliativo mediador não entra em sintonia com um planejamento rígido de atividades por um professor, com rotinas flexíveis, com temas previamente definidos para unidades de estudo, onde os conhecimentos construídos pelas crianças não são levados em conta.
A ação avaliativa mediadora também não se efetiva num espaço pedagógico improvisado. As atendentes de creche assistencialistas, onde se realizam os estágios, pouco tem a nos dizer sobre as crianças além de algumas atitudes ou hábitos de dormir, comer etc. Sem propor nenhum trabalho às crianças a cada momento.
Atrelados com a visão comportamentalista, objetivos enunciados pelos professores referem-se à capacidade a serem atingidas pelas crianças nos domínios afetivo, cognitivo e psicomotor, aos quais me referi anteriormente. Na verdade o abandono de educação infantil em termos de políticas de educação concorre para tornar caótico esse panorama, onde se percebe a completa ausência de fundamentos que norteiam a constituição dos currículos.
È urgente repensar esse espaço pedagógico bem como a definição dos objetivos educacionais, uma vez que a finalidade da educação infantil é o acompanhamento sério e reflexivo do desenvolvimento global de uma criança, estendendo-se dos cuidados que ela necessita à natureza do seu ser racional, conhecido, desde recém nascido.

CAP. V- RECORTES DO COTIDIANO.
Ao se perceber tais fundamentos essenciais ao delineamento de uma proposta pedagógica, torna-se necessário, assim, analisar os componentes curriculares que se articulam para compor o planejamento do cotidiano em educação infantil.
Historicamente, o planejamento na pré- escola organiza-se em unidades temáticas o que reproduz, de certa forma a organização curricular em disciplinas do ensino regular. O planejamento desenvolvido através de projetos pedagógicos, em educação infantil, tem por fundamento uma aprendizagem significativa para as crianças
A ação avaliativa mediadora implica em projetar o futuro a partir de recortes do cotidiano, em delinear a continuidade da ação pedagógica, respeitando a criança em seu desenvolvimento, em sua espontaneidade na descoberta de mundo oferecendo-lhe um ambiente de afeto e segurança para suas tentativas.


CAP. VI – UM OLHAR SENSÍVEL E REFLEXIVO SOBRE A CRIANÇA
Como provocar o professor a um olhar sensível e reflexivo sobre a criança que gere uma verdadeira aproximação entre ambos, que o leve a ser ainda mais curioso sobre as ações e os pensamentos dela?Percebe-se, no processo avaliativo, que difícil é para o professor dar-se conta de suas próprias concepções de vida.
O conhecimento de uma criança é construído lentamente, pela sua própria ação e por suas próprias ações e por suas próprias idéias que se desenvolvem numa direção: para maior concorrência, maior riqueza e maior precisão. È preciso que o processo avaliativo supere o individualismo e gere a cooperação entre os elementos da ação educativa. A cooperação envolve o exercício da descontração, a coordenação da diversidade de pontos de vista para se ampliar o entendimento sobre a formação infantil.
Na tentativa de realizar uma síntese organizada das considerações feitas, aponto três princípios norteadores da avaliação mediadora que fundamentam a elaboração de registros de avaliação: principio de investigação docente, princípios de provisoriedade dos juízos estabelecidos e princípios de complementaridade.


CAP.VII PARECERES DESCRITIVOS: UMA ANÁLISE CRÍTICA.
A falta de preparação dos professores para enunciar e redigir pareceres sobre o desenvolvimento infantil, a ausência de uma proposta pedagógica das instituições e que acaba por se retratar nessa forma de registro, ou a falta de acompanhamento consistente das crianças pelos professores que acabam por incorrer em certos absurdos registrados sobre elas. Hoffmann menciona alguns equívocos na elaboração dos registros avaliativos.
A complexidade que envolve a avaliação do desenvolvimento infantil exige registros descritivos e reflexivos que ultrapassem em muito uma prática de “avaliação por cruzinhas” ou preenchimento de formulários padronizados. E essa é uma consideração que se aplica a todos as instancias da educação. O que se deve garantir em educação é o respeito às diferenças de cada um. E esse respeito às diferenças exige uma permanente observação e reflexão do processo individual de construção do conhecimento.


CAP. VIII- DELINEANDO RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO
O registro da história da criança, no processo avaliativo, não pode significar apenas memória como função bancária, ou seja, há que se pensar no significado desse registro para além da coleta de dados e informações. Por outro lado em avaliação como nos basearmos apenas na memória, porque ela é muitas vezes falha.


CAP. VIIII- RELATÓRIOS DIARIOS E RELATÓRIOS GERAIS: UM EXERCÍCIO DE REFLEXÃO SOBRE A AÇÃO
A avaliação, enquanto mediação insere-se no processo educativo como um instrumento de reflexão, que auxilie o professor a tomar consciência de mudanças a operar em sua ação, a comprovar e/ ou refutar hipóteses sobre processos vividos pelas crianças. Percebe-se no dia a dia do professor de educação infantil, o risco das rotinas, das ações improvisadas e/ ou não refletidas em termos do seu significado educativo para as crianças.
Os relatórios diários tem sido uma pratica das estagiarias do Curso de pedagogia, os relatórios evidenciam, em sua seqüência e evolução, que está em jogo um processo de mudança conceitual das estagiarias, para o qual o suporte teórico e a relação dessa prática como essencial.
Os relatórios gerais, por sua vez, consistem em relatos globalizantes do trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, numa turma de crianças, ao longo de um semestre letivo.
Minhas considerações sobre o livro.
A avaliação necessita ser uma prática multidimensional, e os educadores devem perceber que o ato de avaliar envolve aspectos importantes, dentre eles é válido destacar que saber valorizar as pessoas e compreendê-las, torna-se uma necessidade desse modo, é importante construir um envolvimento bem como o reconhecimento de que é primordial conhecer a criança e suas especificidades, para que a educação seja transformadora.
Considerei importante quando a autora destacou os pressupostos da avaliação, dizendo que a mesma deve servir para investigação, e jamais para estabelecer sentenças. A realidade é que muitos educadores não sabem avaliar, utilizam de testes e medidas apenas para aferir um escore aos alunos, desse modo, acontecem equívocos e o processo avaliativo acaba estando cada dia mais perto de números, não apresentando uma precisão nos resultados, entretanto, a avaliação deve ser um processo que proporcione um diálogo entre educador e educando.
Foi importante a analogia proposta pela autora quando faz menção da importância da prática pedagógica, esta que deve existir na educação infantil, pois sempre servirão de base de sustentação para a avaliação, assim, os educadores poderão recorrer a Teóricos que se estudaram o desenvolvimento humano, como por exemplo, Jean Piaget, Lev, S. Vigotski.
Se tratando dos registros, muitas instituições impõem tais práticas simplesmente porque ao final de cada etapa deverão prestar conta as famílias das crianças, enquanto estes deveriam valorizar o desempenho e o desenvolvimento de cada criança, de modo que a partir deles os educadores vislumbrassem possibilidades de reflexão no intuito de mudar tais práticas.
Desse modo, partindo do pressuposto que o livro traz reflexões importantes à prática educativa, neste sentido é viável recomendá-lo educadores, não somente aos que atuam na educação infantil, e também a estudantes e pesquisadores que lutam por uma melhoria na qualidade da educação, sabendo que para isso a avaliação é um aspecto primordial.

11 comentários:

  1. Olá! Gostaria de tirar uma dúvida quanto ao capítulo II.
    Quando diz: O tema avaliação é por demais complexos justamente, porque é diretamente depende ....... Não tem sentido a frase.
    Se puder me ajudar, fico muito agradecida.
    Aguardo!!!

    Abraços!!! :)

    SÔnia A. Costa

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  2. parabenss muito sensasional

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  3. Onde você achou o capítulo VIIII? Existe mesmo?

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  4. Parabéns! òtima resenha.

    Ajudou muito..

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  5. Extremamente coerente e construtivo!
    Parabéns e obrigada!

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  6. Está correto a escrita do número 9 em romanos, não seria IX?

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  7. muito boa a resenha,parabéns professor!!!

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